domingo, 30 de novembro de 2008

"Chove chuva, chove sem parar..."


"Chove chuva, chove sem parar
Chove chuva, chove sem parar
Pois eu vou fazer uma prece
Pra Deus, Nosso Senhor
Pra chuva parar de molhar
O meu divino amor
Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e é belo Inocente como a flor
Por favor, chuva ruim
Não molhe mais o meu amor assim
Por favor, chuva ruim
Não molhe mais o meu amor assim... "(Jorge Benjor)
Chove e chove muito aqui.
Eu até gosto de uma chuvinha. Refresca, molha terra, lava o corpo, lava a alma... Mas acontece que está chovendo demais. Estamos quase 10 ou 12 dias de chuva intensa. Não passa. Diminui e volta.
Tudo está molhado. As ruas alagadas, casa úmida...

Na quinta feira, quando fui trabalhar chovia pouco, mas chovia. Levei sombrinha, capa de chuva, pasta de couro para não molhar os livros e as provas dos meus alunos.
Quase no final da aula, a chuva aumentou. Muito forte... apavaroante. Era impossível ver outra cor além daquele cinza escuro da chuva no céu. Algumas crianças da escola acham aquilo tudo lindo, era motivo pra riso, alegria... talvez inocência delas, pudessem ver alguma poesia naquilo tudo. Outras começaram a se apavorar. Talvez por terem noção dos estragos que uma chuvarada daquelas pode provocar numa cidade onde não há a mínima infraestrutura.

Aqui não há essa diferença entre área nobre, área pobre. Aqui é uma cidade de planície e mal estruturada. Quando chove alaga tudo, não respeita nada nem ninguém. Ter ou não ter dinheiro nessas horas não faz diferença. No máximo, quem mora em apartamemnto nessas horas se livra de um problemaço. Poucas são as situações aqui em que podemos dizer que "estamos todos no mesmo barco e, furado ainda por cima."


Mas voltemos à escola. Tenho carro, mas naõ tenho carteira. E morro de medo de dirigir, principalmente na chuva. Daí, tive á idéia de ligar pra mamis e ela ligar pro taxista que sempre quebra meus galhos. Depois de esperar mais de 20 minutos porque ele estava preso no trânsito porque era impossível enxergar qualquer coisa dirigindo, ele finalmente chegou. Foi justamente nesse momento em que uma senhorinha muito simpática, com um sorrisinho meigo, voz doce dirigiu-se a mim.
_Minha filha, pra onde você vai?
_Vou pro outro lado da cidade.
_Eu também vim de táxi, mas acontece que o carro morreu na rua de trás. Você poderia me ajudar?
Daí eu pensei, porque não? Era só uma avó que buscar a neta na escola debaixo de toda aquela chuva.
_Claro! Mas como?
_ Me dá uma carona até a minha casa. É aqui pertinho. Eu te ajudo na passagem.
_Tranquilo.
Depois eu pensei, melhor elas irem sozinhas e depois o taxista passa aqui e me leva. Mas ele preferiu me levar junto.
_Eu deixo ela lá e depois seguimos.
_Tudo bem!

Chegar a casa da tia foi fácil, mas achar uma saída... Não tinha rua que não estivesse totalmente alagada. Tudo cheio d'água. Os carros não estavam conseguindo andar de tanta água. E no táxi que eu estava parou. O motor parou, parou e parou. Pronto, simiferrei.Estou numa rua perdida, dentro de um táxi parado as águas subindo, subindo... trouxe sombrinha, capa de chuva, mas não tenho bote. E agora? Como saio daqui. O taxista já estava P*** da vida, ele só dizia assim.... Hoje eu não trabalho mais. Vou perder meu carro. E eu me sentindo culpara por ter ligado pra ele. Depois de várias tentativas o carro voltou... gracias. Rodamos, rodamos, em busca de uma saída.

Nisso se foram quase uma hora desde que eu havia saído da escola até chegar à minha casa.
E pra variar.. tudo cheio d'água. Desci do carro e já enfiei o pé na água na altura das canelas. O quintal também estava cheio d'água. Por sorte não entrou água dentro de casa.

Foi uma situação apavorante e revoltante. Não tem como escaparmos dos diferentes fenômenos climáticos que assolam o meu país nesse momento, mas chega ser revoltante ver que metade daqueles problemas poderiam ser evitados se houvesse uma política pública voltada para a população. Coisas básicas que qualquer prefeitura deveria tomar constantemente. A minha cidade está parecendo um trem desgovernado e quem mais sofre com tudo isso somos nós, a população, que pagamos pesados impostos pra nada.

Nenhum comentário: